Relatório concluiu que morte de doente que sofreu enfarte poderia ter sido evitada

O relatório da Inspeção Geral das Atividades em Saúde (IGAS) concluiu que a morte do utente vítima de enfarte, em Bragança, após uma demora de 1h20 na chegada do INEM poderia ter sido evitada se o socorro tivesse sido mais célere.
Esta é a conclusão do inquérito conhecida esta terça-feira e divulgada pela agência Lusa, citada por diversos órgãos de comunicação social.
Nesse relatório, a IGAS diz que o utente, de 86 anos e que morreu de enfarte de miocárdio a 31 de outubro de 2024, durante a greve dos técnicos de emergência pré-hospitalar, tinha uma probabilidade de sobrevivência, embora reduzida.
De acordo com o mesmo documento, esta probabilidade de sobrevivência “estaria sempre condicionada à realização de manobras de suporte básico de vida, quando iniciadas no imediato”.
O utente em causa tinha diversas comorbilidades e antecedentes de patologia cardiovascular significativa.
Ainda assim, a IGAS concluiu que apesar da falta de resposta atempada por parte do INEM, “não é possível formular-se juízos de culpabilidade na conduta dos trabalhadores dos CODU [Centro Operacional de Doentes Urgentes], atendendo ao volume de chamadas em espera, reencaminhadas pela Linha 112”.
Sindicato aponta o dedo ao INEM
O presidente do Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar, o moncorvense Rui Lázaro, diz que não ficou surpreendido com estas conclusões.
“Não me surpreende que se tenha concluído que o atraso no atendimento daquela chamada tenha contribuído para o desfecho trágico. Este doente estava a dois minutos do hospital, onde está a VMER, que rapidamente poderia ter chegado junto do utente”, disse, em declarações ao Mensageiro.
Rui Lázaro nota ainda que “atrasos como este já ocorriam antes da greve e continuaram a acontecer depois da greve”. “Simplesmente, durante a greve aconteceram numa escala diferente”, frisou.
Ao todo, há notícia da morte de 12 pacientes durante a greve dos técnicos do INEM por alegado atraso na chegada dos meios de socorro, dois deles no distrito de Bragança.