Verão começa a aquecer
O ciclo é conhecido e pouco há a fazer para o evitar. A cada quatro anos, os verões têm tendência a serem mais quentes do que o habitual, independentemente da temperatura que faça lá fora.
Sempre que há eleições autárquicas, é certo e sabido que há chatices no ar.
Sendo umas eleições de maior proximidade e que envolvem muitos candidatos (às Câmaras, às Assembleias Municipais e às Assembleias de Freguesia), mexe sobremaneira com as emoções das pessoas.
São amizades que se desfazem, famílias que ficam de costas voltadas e até casamentos que ficam tremidos.
O problema não é novo e parece que a cada quatro anos se agudiza no Nordeste Transmontano.
O ano eleitoral promete ser de surpresas. Desde logo, em Miranda do Douro há uma candidatura muito trémula por parte do partido que governou a autarquia 12 dos últimos 16 anos (PS).
Em Mirandela, são já duas as candidaturas independentes assumidas, que se vêm somar às tradicionais candidaturas partidárias.
O PSD aposta forte e trouxe de volta à liça José Silvano, o histórico presidente daquela Câmara, que recusara voltar a ser candidato ao executivo mas que aceitou encabeçar a lista na Assembleia Municipal.
Em Bragança, tudo se conjuga para que haja uma luta entre dois candidatos sociais democratas, ainda que por partidos diferentes. É que a candidatura de Isabel Ferreira (PS) prepara um coelho da cartola, tendo feito o convite a um militante do PSD, que até já passou pela Câmara em tempos idos e que poderá ser um ‘novo’ trunfo.
Já do lado do PSD, a aposta vai ser mesmo na prata da casa e de um empresário com traquejo nestes combates de Assembleia Municipal.
A CDU já apresentou os seus candidatos em Bragança, mas o Chega e o Bloco de Esquerda ainda não deram a conhecer os nomes que vão propor à população.
Este ano, com Isabel Ferreira a conseguir fazer o que os seus três antecessores não conseguiram (cabeças de lista em todas as freguesias), os votos do meio rural ganham especial importância, pois pode ser aí a chave para a vitória no concelho de Bragança, seja para que partido for.
Ora, com as freguesias cada vez mais despovoadas, fazer listas torna-se cada vez mais difícil.
Estimo que, num tempo não muito distante, a democracia comece a ser posta em causa pelo simples facto de muitas aldeias não terem gente para mais do que uma lista. Até lá, o verão vai aquecendo.