Macedo de Cavaleiros – ruptura e passo em frente
1. Na história de Macedo, uma ruptura política com o status quo significa que se vai em frente e progride. Foi assim ao ser vila, no século XIX; com as estradas e comboio; o grupo do comércio que trouxe o primeiro avião ao Nordeste em 1922; o Dr. Falcão ao atrair gentes de Carção e Argozelo, mandar projectar estradas e instalar água e electricidade, na amizade com Manuel Pinto de Azevedo, um dos maiores investidores privados até então; o Padre Faria e o meu pai redesenharam o centro da vila e Avenida da Estação, o segundo hospital, o campo de aviação e conseguiram instalar a Chenop, começar a electrificação do concelho. A Cooperativa e as indústrias associadas, fruto da acção do Eng. Camilo de Mendonça, mais uma ruptura com o status quo, terra atractiva para gente nova, técnicos e trabalhadores especializados, valorização dos nossos produtos agrícolas.
2. Esta constatação, tão sintética, apesar do sobressalto revolucionário de há meio século, manteve-se no período democrático e foi graças ao que estava para trás que foi possível termos conseguido que o regresso forçado dos que tiveram que fugir de África, pela descolonização, pudesse ter espaço entre nós e ser, também por si, um factor de progresso, nos anos setenta. A Câmara Municipal dessa década e da seguinte, liderada por António Joaquim Ferreira, Pescadinha, teve o condão de, num tempo de escassez de recursos, abrir novas ruas e praças e rompimentos de estradas para aldeias, saneamento, electrificações, instalar o ensino superior – um notável trabalho. Ao mesmo tempo, a Barragem do Azibo, o regadio.
3. Depois, vieram oito anos duma câmara socialista, a propaganda de ser cidade. Gerando enorme expectativa. Que se foi esvaindo e fez com que tenha sido substituída logo ao fim do segundo mandato. O mesmo aconteceu em 12 de Outubro: foi posto fim, pelos votos, a um executivo socialista no segundo mandato, outra vez.
4. Eleitores tradicionalmente socialistas, agora votantes AD, deram-me razões para o seu voto: perda de confiança e afastamento entre eleitos e povo; expectativas defraudadas; fugas às responsabilidades; desrespeito pelos cidadãos, nomeadamente pelas viagens e gastos sumptuosos sem que adviessem vantagens explicadas para o município; instabilidade dos lugares, frequentes e incompreensíveis mudanças nos cargos, chefias e atribuição de tarefas entre funcionários camarários; deslumbramento, com obras injustificáveis nos Paços do Concelho, nomeadamente “a substituição das valiosas portas de ferro e bronze por portas de vidro próprias duma área de serviço de autoestrada” [sic]! E houve, até, um macedense, socialista da primeira hora, que me confidenciou que “eu sou socialista, sempre fui, mas não sou do bloco!” referindo-se ao símbolo deste partido extremista na palavra Macedo ao fundo do jardim. A derrota ter-se-á devido, em suma, ao não cumprir expectativas, falta de verdade e afastamento aos eleitores, vivendo o executivo e a sua clique numa bolha de realidade virtual, desfocada quer nas obras quer dos problemas.
5. A contrario, a vitória de Sérgio Borges pelo PSD/CDS deveu-se ao exemplo de liderança enquanto Presidente da Junta: próximo às pessoas, atento aos problemas e resolvendo-os, competências de autarca. Atento à agricultura, à acção social, à cultura e ao desporto, ao comércio e, até, à indústria e ao turismo, demonstrou e transmitiu aos eleitores que se centra nestes domínios dos habitantes de Macedo de Cavaleiros.
6. Esta eleição foi uma ruptura. Sérgio Borges escolheu um naipe de pessoas que não são políticos profissionais mas cidadãos que têm dado vida a Macedo e às aldeias e em cujas profissões revemos os anseios e aspirações para o futuro: a agricultura e o regadio, comércio, turismo, serviços e captação de investimento. Sancionada por mais de meio milhar de votos de diferença, uma ruptura que será um salto em frente.