Ruben Veiga é a voz transmontana que faz vibrar o Estádio do Fontelo

Do interior de Trás-os-Montes para o Estádio do Fontelo, Ruben Veiga, jovem brigantino de apenas 25 anos, tornou-se a voz do Clube Académico de Viseu na Segunda Liga. Mas antes de assumir o microfone num dos palcos mais emblemáticos do futebol português, a sua história começou bem mais perto de casa, nas bancadas do Grupo Desportivo de Bragança, onde deu os primeiros passos como 'speaker' da equipa principal.
“No início foi sobretudo por necessidade, não havia ninguém para assumir o papel de 'speaker' no estádio. Quando me perguntaram se queria, aceitei logo com entusiasmo”, recorda Ruben. “Desde pequeno que sempre adorei ouvir os 'speakers', seja nos estádios, seja na televisão. Como anunciavam as equipas, gritavam ‘golo’ e transmitiam energia aos adeptos sempre me fascinou. Tornar-me 'speaker' do GD Bragança acabou por se tornar uma verdadeira paixão.”
As suas raízes transmontanas e a ligação ao interior do país marcaram desde cedo como vive o futebol. “Somos de um meio pequeno, mas isso dá-nos uma intensidade e paixão únicas. Cresci a ver o futebol como ponto de encontro, orgulho e identidade. Isso molda como anuncio os jogos: não é somente dizer um golo ou uma substituição, é transmitir energia e pertença a quem está na bancada.”
A oportunidade de dar o salto para a Segunda Liga surgiu inesperadamente. “Comecei a gravar vídeos durante os jogos, a mostrar o meu trabalho como 'speaker'. Acabaram por ganhar visibilidade e foi assim que o diretor de comunicação do Académico de Viseu, Henrique Magno, convidou-me para ser a voz do Estádio do Fontelo”, explica Ruben Veiga, recordando o momento que mudou o rumo da sua carreira.
Comparando ambos os clubes, o locutor transmontano salienta diferenças claras em termos de dimensão e responsabilidade. “Em Bragança há sempre uma ligação emocional muito forte. Conheço muita gente na bancada, é como falar para amigos e vizinhos. Em Viseu, a dimensão é maior, o estádio mais cheio, com mais visibilidade e responsabilidade. Nos outros eventos desportivos, cada um exige algo diferente: uns mais técnicos, outros mais espetaculares. Mas o futebol continua a ser o meu ponto de conforto e onde me sinto mais à vontade.”
Ser 'speaker' exige preparação meticulosa e atenção aos mínimos detalhes. “Antes de cada jogo, preparo-me a fundo: confirmo nomes e pronúncias, conheço o alinhamento do evento, falo com a equipa de som e organização, contacto o Henrique Magno. Cuido da minha voz, evitando esforços desnecessários antes de cada partida”, explica.
O maior desafio, acrescenta Ruben Veiga, é lidar com a pressão do tempo real. “Tudo acontece no momento, sem margem para repetir. Um erro de pronúncia ou uma entrada fora de tempo pode quebrar o ambiente. Cada público pede algo diferente, sendo preciso adaptar o tom e a energia ao momento, sempre com profissionalismo e paixão.”
Ao longo do seu percurso, Ruben Veiga colecionou experiências marcantes. “A primeira vez que gritei ‘golo’ no Estádio do Fontelo foi incrível. E o meu primeiro derby oficial, Académico de Viseu x Tondela, com o estádio cheio, foi uma experiência inesquecível. A energia naquele jogo é única”, recorda.
Para o futuro, traça objetivos ambiciosos. “Quero continuar a evoluir como 'speaker', melhorar como comunico e, quem sabe, representar a Seleção Nacional ou fazer um jogo da Champions, ou Europa League. Acima de tudo, quero que a minha voz continue a ser parte da experiência de quem está na bancada.”
O conselho que deixa para quem quer seguir um percurso semelhante é simples e inspirador: “Descubram a vossa verdadeira paixão e alimentem-na todos os dias. Sejam loucos ao ponto de gritarem por ela. Como me disseram Rui Alves e Kika, do GD Bragança: ‘Quem trabalha bem e com paixão, é sempre recompensado’.”
Hoje, Ruben Veiga é mais do que um 'speaker': é a voz de uma paixão transmontana que ecoa pelo país, um exemplo de dedicação, amor pelo desporto e valorização das suas raízes. Ao longo do seu percurso, Ruben acumulou experiências em diferentes funções: já foi fotógrafo em dias de jogo, diretor, treinador de futebol de formação, adjunto, membro de equipas técnicas seniores, responsável pela comunicação do emblema canarinho, scout e autor de artigos de opinião sobre futebol. Estas experiências moldaram como encara hoje o microfone.
Do GD Bragança ao Académico de Viseu, passando por outros eventos desportivos, Ruben mostra que o caminho no desporto é feito de esforço, paixão e coragem para agarrar oportunidades.
Foto: DR