Definição de loucura
Diz o povo que, um dia, Albert Einstein traçou uma definição simples para a loucura. Não tem a ver com penteados.
Terá dito o afamado cientista que loucura é insistir repetidamente nos mesmos atos esperando resultados diferentes, assim como quem bate repetidamente com a cabeça na parede à espera que lhe passe a dor.
Todos os anos, por esta altura, as televisões e os espaços noticiosos enchem-se de imagens de chamas efervescentes, populares a correr para lá e para cá agarrados a baldes e mangueiras de jardim, em desespero, muita confusão e desordem, mãos na cabeça, gritos de desespero e críticas, muitas críticas.
Seguem-se, invariavelmente, presenças de governantes no “teatro de operações” (em que teatro passa a ser a palavra chave) com anúncios de que “agora é que vai ser”, paisagens cobertas de negrura a perder de vista e vidas desfeitas.
A cada ano que passa são anunciados “mais meios”, “novas políticas para a floresta” pois agora “é que vamos acabar com o flagelo dos incêndios”.
Mas, na verdade, a cada ano que passa aquilo a que assistimos é que as imagens são cada vez mais nas televisões (apesar dos apelos e dos acordos para a não divulgação de imagens diretas de chamas e labaredas, pelo efeito excitante que têm junto de pirómanos, potenciando comportamentos idênticos). A cada ano que passa, os especialistas vão à televisão reforçar que o combate aos incêndios começa com a prevenção, no inverno e na primavera. Que é preciso fazer o cadastro da floresta. Que é preciso tornar o setor mais apelativo e rentável para que as gerações de herdeiros que nunca viram um palmo das suas terras se sintam compelidos a tratar das suas florestas. Mas, a cada ano que passa, o comportamento de quem governa, seja ele qual for, é o mesmo, esperando que os resultados sejam diferentes.
Todos os anos é um filme dantesco o processo de aluguer de meios aéreos, cada vez mais essenciais para controlar as chamas e dar apoio aos bombeiros no terreno. Todos os anos a paisagem fica cada vez mais negra.
Já vai chegando a altura de alterar alguns comportamentos. Desde logo, para quando uma força profissional, no verdadeiro sentido da palavra, de bombeiros? Aquilo que acontece agora é que grande parte da força que combate os incêndios é voluntária, tem as suas profissões, os seus empregos.
Um país com uma tão grande área florestal já não se compadece da boa vontade de uma mão cheia de voluntários para acudir às populações no verão. É necessário elevar a fasquia e profissionalizar de vez a Proteção Civil em Portugal.
Até que ponto é que faz mais sentido investir em aviões de guerra do que em aviões de combate aos fogos? Em tanques de guerra em vez de tanques de água?
Com a temperatura média a aumentar a cada ano, os incêndios serão cada vez mais frequentes e mais fortes, pois a humidade no verão é cada vez mais escassa e a matéria combustível muito disponível.
É preciso olhar para o território como um todo e não como uma manta de retalhos em que só alguns interessam.
Se não for assim, Einstein bem que nos poderia marcar vaga num qualquer hospital psiquiátrico